Nesse domingo, 16, no intervalo do programa “Fantástico”, uma propaganda do Santander pegou as centrais e entidades sindicais de surpresa. A campanha “Desendivida Santander” comunicou aos clientes que as agências do banco em todo o país estarão abertas no próximo sábado, 22, das 10h às 14h. O presidente do Santander, Mario Leão, também avisou que a campanha vai até 31 de março.
A decisão do Santander atropela de uma só vez a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria e a própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A medida anunciada via propaganda na TV desrespeita o movimento sindical e sobretudo os milhares de bancários e bancárias.
Em nenhum momento, o Sindicato foi notificado sobre a medida. Fora a violação da CCT e da CLT, o banco ignora que o país atravessa uma nova onda da pandemia da covid, que se torna ainda mais grave em função dos casos simultâneos de gripe (H3N2).
No último dia 14, o Brasil registrou mais de 110 mil casos de covid. A média móvel se aproxima de 70 mil novos casos diários, voltando aos patamares de 2021, quando o país registrou os piores números da pandemia. Em função da vacina, a média móvel de mortes (138) não repete o cenário do ano passado, ocasião em que o índice chegou a 3 mil mortes diárias. Há milhares de registros de casos de covid e influenza na categoria bancária.
Trabalharão gerentes de negócios e serviços de 8 horas; gerentes gerais; gerentes administrativos; e gerentes PJ, PF e Van Gogh. Não trabalharão caixas, GNS de 6 horas e demais cargos não descritos acima.
Os bancários que trabalharem as 4 horas compensarão uma hora e meia para cada hora trabalhada. E a compensação se dará na semana seguinte, e não nos 6 meses praticados por meio da Política Interna de Compensação de Horas, que não foi negociada com o movimento sindical.
O banco negou o pagamento de horas extras alegando dificuldades sistêmicas para tal.
Além de convocar para trabalhar aos sábados, durante a pandemia, o banco ainda se nega a pagar horas extras. Para abrir uma agência no sábado, o banco precisa fazer alterações sistêmicas e logísticas complexas, e tudo isso foi feito em tempo recorde, mas quando se trata de beneficiar os funcionários, o banco sempre tem uma enorme dificuldade. Isso só aumenta a indignação dos trabalhadores.
O Sindicato constatou uma grande indignação dos trabalhadores em trabalharem no sábado, em meio a um momento crítico da pandemia de covid-19 e do surto de influenza. Além disto, ao longo da pandemia, o Santander tem exposto bancários ao trabalho presencial, protocolos frágeis contra covid-19 e intensificado a terceirização que, na prática, significa retirada de direitos.
Trabalhadores pegos de surpresa
Os principais afetados com o trabalho aos sábados foram pegos de surpresa: a maioria dos trabalhadores receberam a informação durante o programa Fantástico na Rede Globo, o que aumentou a indignação.
Mais uma vez fica claro o descaso do banco com os funcionários. O clima interno entre os trabalhadores é de extrema indignação, esperamos que isto sirva de aprendizado para a direção do Santander, para que no futuro avalie melhor as campanhas desenvolvidas. Pois a satisfação dos trabalhadores é condição básica para o sucesso da ação.
A verdade é que se trata de uma jogada de marketing para tentar se mostrar como “bonzinho”, como uma instituição preocupada com o endividamento do brasileiro, mas, na prática, o banco e o sistema financeiro de forma geral contribuem para a situação de crise econômica e financeira do país ao cobrar tarifas e juros elevadíssimos, além de direcionar e segmentar o crédito apenas para públicos que despertam seu interesse por lucros.
O movimento sindical fará manifestações e denúncias públicas em todo o país, e estuda medidas judicias. Fiquem ligados nas redes dos sindicatos e participem.
Funcionários do Santander: responda o questionário sobre o trabalho no sábado 22