Um cliente do Itaú Unibanco já pode hoje usar ATM do Bradesco para quitar um boleto e vice-versa. Em breve, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander também já terão transformado seus caixas eletrônicos em terminais aptos a aceitar os cartões de qualquer banco para pagamento de boletos e impostos.
A ideia é converter o monumental caixa eletrônico em uma maquininha como as que passam pagamentos com cartão no comércio. Por trás das manobras tecnológicas está o interesse dos bancos em reduzir o fluxo de pessoas nas agências, que é um tipo de atendimento mais caro. "Essa tecnologia acaba tirando as pessoas da boca do caixa, que é um custo para o banco", afirma Octavio Lazari Junior, diretor-gerente de varejo do Bradesco.
O raciocínio é seguido pelos demais bancos. "É um número expressivo de pessoas que vêm ao Itaú e não têm conta no banco", diz Messias Esteves, diretor operacional de agências do Itaú. Desde 2013, por meio de parceria com a Rede, o banco permite pagamento de contas em seus caixas eletrônicos com cartões de concorrentes. Por mês, 80 mil pagamentos são feitos no ATM por não-correntistas. A expectativa é alcançar neste ano 500 mil.
A alternativa para os não-correntistas também se converte em uma possibilidade de o banco fisgar o cliente da concorrência ao oferecer uma opção mais cômoda de pagamento de contas. O usuário não precisa carregar dinheiro nem se deslocar até o banco onde tem conta, que às vezes pode ser mais longe.
"Sempre atendemos todo mundo, mas tínhamos uma limitação de horário porque a agência fecha às 16h", diz Lazari. Depois de uma fase de testes em associação com a Cielo, o Bradesco habilitou em novembro 100% dos seus caixas eletrônicos para receber contas com o cartão de outros bancos. "É uma atitude simpática do banco, que reverbera bem para o usuário."
Pelos cálculos do BB, metade das pessoas que vão aos caixas das agências não é correntista do banco. O BB implementará a aceitação de cartões de concorrentes em 60 dias, a partir de uma aliança com a Cielo.
"A pessoa já sacou dinheiro em outro banco e vai até ali para pagar a conta", explica Raul Moreira, vice-presidente de varejo do BB. "Essa nova tecnologia permite a redução de custos para o BB e também para o outro banco, já que o cliente não vai sacar o dinheiro."
Para Moreira, o grande desafio dos bancos é reduzir o volume de dinheiro em circulação, já que o papel-moeda impõe custos elevados de transporte e segurança. "O dinheiro é muito caro para o banco e para a sociedade."
Os bancos têm buscado cada vez mais dividir seus serviços básicos com o objetivo de reduzir as despesas. Depois de mais de dez anos de discussões, em outubro do ano passado os maiores bancos do país começaram a compartilhar suas unidades de autoatendimento para a função saque.
Em dezembro, eram 16,7 mil caixas eletrônicos que podiam atender correntistas de Itaú, Bradesco, Santander, BB, Caixa, HSBC e Citi.
Fonte: Valor Econômico, Contraf-CUT