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Guarda chaves coloca em risco a vida de tesoureiros e gerentes

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Guarda chaves coloca em risco a vida de tesoureiros e gerentes

 

A trabalhadora saía de casa em seu carro, por volta das 8h, quando foi rendida por ao menos dois criminosos. De acordo com o relato da funcionária à polícia, ela foi levada para uma favela, onde os bandidos colocaram em suas costas o artefato, ameaçando explodi-lo e dizendo também ter feito seu filho refém.

Observada pelos criminosos, a gerente foi obrigada a abrir a agência e a retirar dinheiro do cofre, entregando a quantia fora da agência. Os indivíduos teriam fugido a pé.

Equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionada. Segundo delegado do 96° DP, João Carlos Hueb, o artefato não era explosivo, "era apenas um simulacro".

Trauma

A trabalhadora está afastada e, na sexta-feira (2), a agência ficou fechada ao público. "Ela está muito traumatizada e, segundo consta, está sendo acompanhada por assistente social do banco. Mas, de qualquer maneira, entramos em contato com a área de Relações Sindicais do Itaú para cobrar providências que resguardem a trabalhadora e seus familiares", afirma o diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Carlos Damarindo.

"Somos radicalmente contrários que o responsável pelo segredo do cofre seja o gerente da agência. Uma reivindicação histórica é que isso fique sob responsabilidade de uma empresa especializada e não com o bancário", pontua o dirigente, que também critica a abordagem feita em noticiários.

"Houve a exposição da funcionária na televisão de forma irresponsável. Não houve preocupação com a trabalhadora. Só se preocuparam com o artefato, sem se perguntarem quais reflexos para a vida da trabalhadora. Queremos ver qual postura o Itaú vai tomar agora no sentido de garantir sua segurança e de sua família, já que o incidente deixa marcas para sempre", ressalta Damarindo.

Prevenção

O secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, reforça a necessidade urgente de medidas dos bancos para prevenir sequestros de gerentes e tesoureiros. "Além da contratação de empresas especializadas em segurança para a abertura e fechamento de unidades, outra alternativa viável que já vem sendo utilizada por vários bancos é a implantação do controle remoto".

Para Ademir, "existem soluções disponíveis para acabar com esse procedimento arcaico da guarda das chaves, proteger a vida dos bancários e evitar novas vítimas".

Multas

De acordo com levantamento do Dieese, o Itaú passou do terceiro para o segundo lugar no ranking de multas aplicadas pela Polícia Federal aos bancos por problemas de segurança, entre 2013 e 2014. Em 2013, o Itaú teve que pagar R$ 4,173 milhões, ficando atrás apenas do Banco do Brasil e do Bradesco. Em 2014, o banco subiu uma posição ficando com a medalha de prata, ao receber multas que totalizaram R$ 4,585 milhões por irregularidades em quesitos de segurança.

"Os bancos não investem como deveriam em segurança. Faltam vigilantes, portas giratórias, o transporte de valores é feito ilegalmente por bancários, há inauguração de agências sem plano de segurança e muitas outras questões. O bancário vai trabalhar com medo. É preciso mudar essa realidade", afirma Damarindo, que representa o Sindicato nas reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), que julga os processos movidos pela Polícia Federal.

Os cinco maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander) lucraram R$ 28,3 bilhões no primeiro semestre de 2014, enquanto as despesas de segurança e vigilância somaram R$ 2,4 bilhões, uma média de somente 8,6% em relação aos lucros, segundo levantamento do Dieese.


Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo

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