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Conferência Nacional de Mulheres aprova diretrizes com forte presença dos bancários

Publicado em Outros
Conferência Nacional de Mulheres aprova diretrizes com forte presença dos bancários

Durante três dias intensos de debates, a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres aprovou nesta quarta-feira (1º) um conjunto de propostas de políticas públicas voltadas à promoção da igualdade de gênero, aos direitos das mulheres e ao enfrentamento das múltiplas formas de opressão.

Fernanda Lopes, secretária da Mulher da Contraf-CUT, destacou a mobilização do setor bancário no processo de construção dessas propostas. “Tivemos 20 conferências livres de bancárias, com grande representação do nosso ramo, participando ativamente dessa construção tão importante para o país.”

Além das discussões nas mesas temáticas, o evento também incluiu uma caminhada das mulheres em Brasília, reforçando a visibilidade das pautas femininas no espaço público. Outro momento importante foi a audiência para ratificação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata dos direitos das mulheres e do combate à violência e ao assédio no mundo do trabalho.

 

Propostas aprovadas e destaque para ação institucional

Na plenária final, o relatório com as propostas foi aprovado em consenso, com 98% de votos favoráveis. As sugestões estão divididas em 15 eixos temáticos que irão compor as diretrizes do novo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

 

 

Dentre as propostas aprovadas estão:

  • promoção da igualdade de gênero e incentivo à igualdade salarial;
  • redução da jornada de trabalho / fim da escala 6x1;
  • fortalecimento de mecanismos de proteção contra violência política e doméstica;
  • ampliação de medidas de cuidado, participação social e garantia de direitos em toda diversidade de mulheres.

 

 

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, participou da conferência e reforçou que a construção desses instrumentos não termina com a conferência. “A luta não acaba nunca! Precisamos construir … um mundo onde as mulheres se sintam livres e em que não haja nenhum tipo de violência contra elas.”

 

 

DataMulheres 

O Ministério das Mulheres criou, nessa quarta-feira (1°), a plataforma DataMulheres, ferramenta digital de informações sobre a realidade socioeconômica das mulheres brasileiras, desenvolvida pelo Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, em parceria com a Dataprev, empresa de tecnologia vinculada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços.

A iniciativa servirá para nortear os trabalhos de gestoras e gestores públicos dos três níveis federativos (federal, estadual e municipal), pesquisadores, observatórios, centros de estudos e instituições acadêmicas que produzem análises sobre as desigualdades de gênero, além de secretarias e organismos de políticas para as mulheres.

O DataMulheres integra dados dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública, do Trabalho e Emprego, do Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

 

Fortalecimento da gestão pública

A ministra também assinou ontem, último dia do encontro, o edital público que prevê o repasse de R$ 10 milhões para doação de veículos, com o objetivo de fortalecer a atuação de secretarias e organismos municipais de políticas para as mulheres em todo o país.

Pelo edital, serão contempladas as cidades com até 100 mil habitantes que têm secretarias ou organismos de políticas para as mulheres, com conselhos de direitos femininos. Esses órgãos de participação e controle social, com representação do poder público e da sociedade civil, atuam na formulação, fiscalização e proposição de políticas públicas. "Tenho dito: não é Brasília, não é o governo federal que irá romper, que vai construir tudo aquilo de que a gente precisa em relação às políticas para as mulheres”, afirmou Márcia.

 

Cartilhas

A ministra também lançou duas cartilhas, em parceria com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, da ONU Mulheres e da ONU Direitos Humanos.

O guia “Todas as Mulheres: Dignidade, Cidadania e Direitos Humanos para Travestis e Mulheres Trans” apresenta os fundamentos legais da proibição de discriminação contra travestis e mulheres trans, os parâmetros de direitos humanos para protegê-las dessa discriminação e destaca as principais conquistas recentes e recomendações de mecanismos internacionais de direitos humanos aplicáveis ao Brasil.

"É urgente assegurar participação política, reconhecimento social e acesso às políticas públicas de forma equitativa. Em cenário marcado pela exclusão e pela violência, valorizar sua presença, ouvir suas vozes e garantir seus direitos são passos fundamentais para uma sociedade mais justa, diversa e verdadeiramente democrática", diz a publicação.

A pouco mais de um mês da realização da COP30 [a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025] em Belém, a ministra lançou também a cartilha “Mulheres nas Ações Climáticas: participação política na construção de um futuro digno e justo”, com informações sobre os impactos das mudanças climáticas para as mulheres.

O texto inicial do guia mostra quem, de fato, tem papel central na construção de soluções para enfrentar a crise climática. "Mulheres e meninas estão perseverando na coesão social, sustentando o tecido da resiliência comunitária e levando o pensamento socioeconômico a novo paradigma de sustentabilidade. Seja na agricultura familiar e agroecologia, na gestão comunitária da água, na prevenção e gestão de riscos e desastres ou na defesa de territórios e da biodiversidade, eles são protagonistas da mitigação, da adaptação e da preservação da base da vida", destaca o documento.

Márcia Lopes assinou a portaria do Programa de Fortalecimento da Gestão de Políticas para as Mulheres e três Acordos de Cooperação Técnica (ACTs): com os Correios, para a realização de ações de enfrentamento à violência contra as mulheres e divulgação do Ligue 180; com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para promoção de ações de apoio à qualificação profissional de mulheres vítimas de violência; e com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Defensoria Pública da União (DPU), na agenda de enfrentamento à violência política contra as mulheres.

 

 

Importância para o movimento sindical e setor bancário

A trajetória das “conferências livres” é uma estratégia de base para garantir que as mulheres do setor bancário tenham voz e representatividade no processo nacional de construção de políticas públicas para elas. A secretária Fernanda Lopes ressalta que esse protagonismo fortalece a atuação das bancárias nos espaços de decisão — e que a ratificação da Convenção 190 é justamente uma conquista simbólica e política para legitimar esses direitos internacionalmente.

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